A Fazenda da Taquara foi construída na segunda metade do século XVIII, com características rurais dos estabelecimentos de região da Baía de Guanabara. Essa fazenda abriga um dos mais antigos engenhos da cidade, o Engenho da Taquara, anteriormente chamado de Engenho de Dentro. Também foi muito conhecido por Fazenda da Baronesa.
Originalmente, os limites do engenho iam da atual avenida Edgard Werneck, passando pelo largo do Tanque, e chegava até o Maciço da Pedra Branca. A fazenda trocou de mãos várias vezes e, por fim, acabou se tornando propriedade da família de Francisco Pinto da Fonseca Telles, o barão da Taquara.
Em julho de 1938, a propriedade foi tombada pelo IPHAN e, a pedido dos netos dos barões, foi criada a Área de Proteção Ambiental (APA), que conta com cerca de 100.000 m² de área preservada, com objetivo de proteger o entorno da casa grande e seus anexos. Mesmo tendo sido desmembrada com o decorrer dos anos, a sede da Fazenda e a Capela ainda pertencem aos descendentes do barão da Taquara, responsáveis pela preservação do patrimônio.
Detalhamento da casa:
A casa está em amplo terreno arborizado, remanescente da antiga fazenda. O entorno é altamente urbanizado, composto principalmente de casas de até dois pavimentos, e alguns edifícios baixos.
A casa é térrea em sua maior parte, com sobrado parcial que ocupa o módulo central da faixa fronteira. A entrada acontece pela varanda, através de três escadas, uma central e duas laterais. A planta desenvolve-se em torno de um pátio central, com amplo telhado de telhas de barro tipo capa e bica. A fachada principal é voltada para o nordeste. A capela ocupa edifício anexo, ligado ao principal por um pequeno corpo recuado.
A fachada principal é composta pela varanda sustentada por colunas toscanas de alvenaria, interrompida no módulo central por cinco arcos plenos encimados por duas janelas de peitoril e três de sacada de construção posterior. Neste trecho o telhado de telhas de barro é encoberto por platibanda.
A fachada lateral evidencia a modificação do telhado original de duas águas para a ampliação da casa em direção aos fundos. As janelas são de verga reta, e uma porta dá acesso à zona de serviços.
As portas e as janelas de peitoril têm vergas retas, sendo estas de guilhotina, com folhas externas de proteção. As três sacadas têm grades de ferro. As colunas toscanas, que sustentam o telhado da varanda, são em alvenaria, de seção circular, assentes sobre bases de seção quadrada ligadas por alvenaria. As colunas do pátio central são mais simples, de seção quadrada.
A igreja situada na Fazenda da Taquara também é conhecida como Igreja de Nossa Senhora dos Remédios da Exaltação da Santa Cruz. Deve-se tomar cuidado para não confundi-la com a Igreja de Nossa Senhora dos Remédios localizada na Colônia Juliano Moreira, que era propriedade da mesma família. No Arquivo Central do Iphan-RJ, a pasta sobre a Fazenda da Taquara é: “Série Inventário – Notação: I.RJ-053.01“.
Proprietários ao longo do tempo:
1635 – Em 15 de fevereiro Salvador Correia de Sá e Benavides vende a fazenda a João Rodrigues Bravo. Tabelião Jorge de Sousa (Local de realização da venda da propriedade).
1637 – Em 11 de março João Rodrigues Bravo vende um terreno a André Vila Lobos da Silveira com 1150 braças de testada para o “caminho real que vai do Engenho d’ Água do General Salvador Correia”, que é hoje a rua Geremário Dantas e que ia do “sertão até as encostas do morro Baitaquara, vertente oriental do Maciço da Pedra Branca”.
1648 – Em 23 de maio a viúva de André Vila Lobos da Silveira, dona Izabel do Souto Maior vende a propriedade a André Tavares.
1648 – Em 24 de maio André Tavares vende o engenho ao Padre Domingos da Silveira Souto Maior, filho de Izabel.
1652 – Em 11 de junho Padre Domingos vende o engenho por escritura ratificada a Antônio da Silveira Vila Lobos, seu irmão, e Diogo Lobo Teles, seu cunhado.
1655 – Em 2 de dezembro a venda é anulada. Parte da propriedade de Diogo Lobo Teles é vendida ao padre Francisco da Silveira Vila Lobos.
1657 – Em 21 e 23 de junho, duas partes da propriedade foram reunidas de novo em venda ao padre Domingos da Silveira Souto Maior. O mesmo padre vende o engenho ao primo Antônio de Andrade Souto Maior.
1658 – Em 1 de novembro Antônio de Andrade Souto Maior vende 300 braças a Francisco Teles de Barreto, filho de Diogo Lobo Teles. Durante 60 anos o engenho fica dividido em dois. Sucedeu-o o filho Luis Teles Barreto. A outra parte do engenho ficara com Antônio de Andrade Souto Maior. A viúva de Luís, dona Maria Pimenta, casou em segundas núpcias, com Egas Muniz Telo.
1680 – Egas falece, o engenho fica em proporções que variaram para Maria Pimenta, seus filhos e genro. A propriedade passou a se chamar Engenho de Dentro.
1716 – Em 21 de julho os herdeiros de Egas vendem o Engenho de Dentro a Antônio Teles Barreto de Menezes, que já tinha 330 braças. “Umas terras sitas em Jacarepaguá que foram engenho, nas quais está ainda a casa do engenho e casa de vivenda coberta de telhas, já danificada.” (RUDGE: 1983).
1738 – Antônio Teles de Menezes edifica no Engenho de Dentro, casas de vivenda e a capela da Santa Cruz. “Uma data de terras de engenho chamado de Dentro, e é em que se acha situada a casa de Engenho de Santa Cruz e as de vivenda que todas são 1500 braças de testada e de sertão e atendendo ao estado em que se acham na forma de seus títulos e a uma capela de pedra e cal e barro em parte por acabar, com todis is preparos para se dizer missa, avaliam, cada braça em 4.800 réis”.
1745 – As casas da família Teles de Menezes, na Praça XV, são reconstruídas pelo brigadeiro Alpoim. Admite-se que ele tenha também trabalhado na casa do engenho.
1757 – Em 28 de abril falece Antônio Teles de Menezes, seu herdeiro foi Francisco Teles Barreto de Menezes. Na relação do Marquês de Lavradio (1779) os dois engenhos aparecem como Engenho Velho e Engenho Novo da Taquara (o original Engenho de Dentro e o Novo).
1806 – Em 13 de dezembro Francisco Teles Barreto de Menezes falece, e deixa um filho Luiz Teles Barreto de Menezes e cinco filhas. O Engenho da Taquara fica para Ana Inocencia Teles de Menezes, Ana Maria Teles Barreto de Menezes e Francisco Pinto da Fonseca (1836).
1882 – Em 4 de outubro Francisco Pinto da Fonseca Teles recebe o título de Barão de Taquara.
Atualmente, os proprietários da Fazenda da Taquara são os descendentes do Barão de Taquara.
Localização:
Fazenda da Taquara – Estrada Rodrigues Caldas, nº 780, Taquara – Rio de Janeiro
Fonte: IPHAN